quarta-feira, 13 de junho de 2012

O cara que mais admiro no mundo cosplay e RLSH, embora ele não se nomeie assim, mas ele é de fato, um herói da vida real...


ENTREVISTA: ANDY TREVISAN, O BATMAN DE TAUBATÉ

By Bruno B. Soraggi
Essa semana a internet ficou em chamas com a notícia de que um tal Batman de Taubaté foi convidado pela PM local “para participar de ações em bairros violentos” da cidade. Pelo jeito, Lavras perdeu o posto deArkham City brasileira. Investigamos a fundo e descobrimos a identidade secreta do paladino: Andy Trevisan, que aliás é o alter ego de um Capitão de Fragata da Marinha reformado, o André Luiz Pinheiro, 50. Andy por abreviação, Trevisan em homenagem ao João Silvério Trevisan. O Cavaleiro das Trevas do Vale começou no cosplay aos 46 anos, e hoje já tem mais de 200 fantasias. Conversamos com ele para desvendar esse sorrateiro caso:


VICE: Quem é você?
Andy Trevisan: 
Sou da reserva da Marinha. Me aposentei como Capitão de Fragata. Fiquei lá por 29 anos. Na Marinha a coisa é muito profissional. As Forças Armadas exigem muito tempo da sua vida, sacrifícios pessoais. Naquela época nem sonhava em fazer outras coisas. Depois que fui procurar coisa pra ocupar a cabeça, o físico e tal... E descobri o cosplay.
E daí pro Batman da PM, como foi?
No ano passado o jornal O Vale tava fazendo uma matéria sobre os 75 anos d’O Batman aqui no Brasil. Devem ter entrado na internet e descobriram que existia um cara aqui em Taubaté que fazia o Batman. E nós fizemos uma entrevista. Tiramos muitas fotos: meu Deus, não sabia que vida de modelo era tão complicada, foram umas 400 fotos, sem brincadeira. Aí esse ano o Jornal do Vale me ligou querendo saber se eu tinha outro projeto, e fui lá e dei outra entrevista. Tava fazendo o Thor naquela época. Aí a polícia estava participando do projeto Movimento Pela Paz e achou bacana pegar alguém que fizesse de fantasia o super herói, porque são bons exemplos. Não exatamente com a PM, acho que vai ser com outra... Na Marinha a gente fazia muito isso, de apoio logístico. Pintando escola, médicos iam a bordo pra tratar crianças... Já fazia isso naquela época e achava bacana.

Mas afinal, você vai combater o crime?
Só boto a roupa quando vou pros eventos. Não sou super-herói da vida real. Sou um cosplayer. Embora tenha saído por aí que sou uma espécie de super-herói da vida real, que fica se vestindo e indo pela cidade batendo em bandido, não é isso. Essa ideia existe pra fazer uma apresentação, teatral. E algumas vezes já fiz, a convite de amigos, festas de criança. O garoto gosta de um determinado personagem e eu gosto de dar alegria pra pessoa. Aí me visto de algum personagem que ele adora, do gibi... Enfim, não cobro nada. No máximo o que peço é que me paguem a ida e a volta, porque não tenho automóvel.
Mas como você começou no cosplay?
Comecei como colecionador, apenas. Sempre gostei de gibis, e sempre tive um sonho, desde pequeno, de ter uniformes de super heróis. E esse sonho só veio se realizar depois de me aposentar, quando descobri sites que vendiam essas roupas. Então comecei a comprar, e tirava fotos e colocava no Orkut. Aí apareceu um cosplayer do Rio de Janeiro que me falou desses eventos -- nunca tinha ouvido falar em cosplay. Ele me incentivou a ir até o Rio pra fazer uma vez. Não sabia se ia gostar, era meio tímido. Aí participei, arranjei dois garotos na fila pra fazer a apresentação, que era tipo um teatrinho, e ficamos em 4º lugar. Foi então que me tornei um cosplayer. Comecei a usar meus itens, minhas roupas da coleção, pra ir a esses eventos. Ou pra brincar, ou pra tirar fotografia com o público. Com o tempo comecei a procurar a melhorar, não só nas roupas, mas também nas apresentações, pra que ficassem mais próximas dos personagens. Esse meu primeiro personagem foi o Lanterna Verde, mas tinha levado outras roupas pra que outras pessoas vestissem e a gente fizesse a brincadeira lá no palco. Foi uma apresentação livre. Juntou DC com Marvel, e agradou o público.
E a fantasia do Batman, qual a história?
O Batman foi uma oportunidade que apareceu. Catei os créditos que aparecem nos filmes, no final, e procurei o cara responsável pelos costumes. Então fui atrás da empresa que fez as roupas do filme. Aí comecei a mandar e-mail, catava na internet – um trabalho cansativo – até achar alguém que me dava uma informação, em inglês (que era péssimo), sobre quem poderia me confeccionar uma roupa igual a do filme. Aí achei, ele pediu minhas medidas e fez. Custou 15 mil dólares. Na época tinha vendido o apartamento e tinha esse dinheiro em caixa. Achei que fosse uma oportunidade -- não é uma coisa que acontece toda hora. Mas pra não usar muito e estragar, entrei num outro site e comprei uma segunda roupa. Pelo mesmo preço.
Todas as suas fantasias são importadas?
Praticamente todas. Porque aqui é difícil, e até tenho muita roupa confeccionada aqui – por costureiras,cosmaker. Pedindo os detalhes que a gente quer. Algumas foram feitas por essa pessoa lá no Rio de Janeiro. Às vezes tenho que ir ao Rio tirar medidas, ver os detalhes... E as que vem lá de fora também precisam de um ajuste.
Em que sites você costuma comprar?
Ebay, Cosfun... Basicamente esses.
E quantas, no total, você tem?
Digo 200 porque não sei exatamente o número, mas é pra mais. Tenho várias versões do Batman, do Lanterna Verde... Tenho algumas que não estão prontas, que estão sendo confeccionadas ainda.
A Marinha encrenca com sua atividade de cosplay?
Não encrencam de jeito nenhum. Isso que eu faço nada fere a corporação. Pelo contrário, o caráter, responsabilidade e ética, os valores que defendo agora como ‘super-heroi’, foi tudo praticado e aprendido nas Forças Armadas. Então não tem porque colocar algum empecilho.
Já teve algum problema de tiração de sarro por ser cosplayer e ainda mais 'velho'?
Nesses eventos, assim como em qualquer local, quem se destoa da maioria é sempre alvo de brincadeira, gracinha. Ou porque você é gordo, ou muito magro, ou porque tá vestido demais. Ou porque é jovem demais ou porque já passou dos vinte. Mas é só não aceitar comentários que não vão acrescentar nada ao seu trabalho. Você tá ali pra se divertir, não pra agradar Deus e o mundo.
O Batman é o que você mais gosta?
Não. Aí que tá. É que a roupa chama mais atenção. O meu preferido desde criança sempre foi o Homem Aranha. O Peter Parker era um cara normal, que tem todos os problemas da vida real. É um cara ferrado, que vive desempregado.



Quais mais você tem?
Tenho do Thor, Homem Aranha... Batman eu tenho todas as versões, inclusive a versão lycra. Também tenho a do seriado, uma compra recente. Aliás de um cara da Argentina, que acho que é o único cara autorizado no mundo a fabricar aquelas roupas. É igualzinha, eu é que não tô com o corpo igualzinho. Mas tenho de todos os super heróis, até de uns menos conhecidos que só quem é fã de gibi mesmo que conhece: Shazam, Capitão Marvel... Mas tenho do Thor, da versão gibi do Capitão América, Lanterna Verde (a lanterna inclusive), Wolverine, tenho os óculos do ciclope, alguns acessórios... Quarteto fantástico, Fantasma – aliás com essa fiquei em 1º lugar da Comicon no final do ano passado). Noturna, Robin (todos que já aconteceram). Só não tenho muitos vilões, não. Tenho Charada, Coringa... Vou fazer um que não posso falar porque ainda é projeto. Mas por causa dos eventos eu achei que devesse diversificar um pouco, mais pelas apresentações e pela coleção. A próxima que eu quero comprar é a próxima do Super Man, Homem Aranha, e o do Batman.
E onde você estoca tudo isso?
Guardo na Batcaverna, não posso dizer onde [Risos]. Fica tudo num lugar que era pra ser um quarto de hóspede, mas que nenhum hóspede agora consegue entrar.
Imagens retiradas do Orkut

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