segunda-feira, 6 de maio de 2013

Kurt Busiek e Alex Ross lançam o universo de Jack Kirby


Por Renato Lebeau |
Diretamente do SOC! TUM!POW! – por Doctor Doctor
Apesar de nos anos 80 e 90 estar afastado das gigantes Marvel e DC – embora ainda fizesse algo para a última – Jack Kirby continuava trabalhando com quadrinhos e criou uma série de personagens inéditos que não se tornaram tão conhecidos pelos leitores. Mas, estas criações estão prestes a serem resgatadas e ganharão novas aventuras em Kirby: Genesis, na qual veremos o nascimento de um novo universo de heróis.
É imprescindível, antes, lembrar que na década de 80 Kirby estava trabalhando para a Pacific Comics onde tinha total direito sobre suas criações. Nesta época criou a série Captain Victory and the Galaxy Rangers [Capitão Vitória e os Patrulheiros da Galáxia] e a minissérie Silver Star [Estrela de Prata]. Em 1993 criou para a Topps Comics o que ficou conhecido como Kirbyverso, uma gama de novos heróis além daqueles criados para a Pacific.
Nesta época Silver Star e Captain Victory chegaram até mesmo a ganhar suas próprias minisséries, as quais foram escritas por ninguém menos que Kurt Busiek, embora estas nunca tenham sido concluídas.
Agora, quase duas décadas depois Kurt Busiek revisita algumas destas criações de Kirby e vem em ótima companhia, pois contará com todo o talento e conhecimento de seu antigo parceiro Alex Ross, com quem produziu nos anos 90 a épica minissérie Marvels. Juntos eles propõem reunir em um só lugar todos os heróis criados pelo “Rei” naquele período, e este lugar é a minissérie em 6 edições Kirby: Genesis, que será lançada pela Dynamite Entertainment, a qual adquiriu da família de Jack Kirby os direitos sobre estas criações.
De acordo com Ross a intenção com este material é trabalhar de maneira inédita com várias criações do artista, mas de maneira original o suficiente que não coincida com qualquer outra coisa que já tenha sido produzida com eles. Para tal a dupla pesquisou muito em cima de rascunhos e anotações originais de Kirby em busca de qualquer coisa que pudesse servir como peça da história.
“Alguns são personagens que vocês já viram antes, como Captain Victory e Silver Star”, explicou Busiek em entrevista concedida por ele e por Ross ao Comic Book Resources. “Alguns são personagens que vocês já viram em uma forma diferente. Alguns são somente coisas parecidas como quando ele fez o design de cinco personagens para Novos Deuses que foram publicados no portfólio de deuses e que nunca foram usados na série. Nós não sabemos qualquer coisa sobre o que ele pretendia para estes personagens, mas nós pegamos estes cinco que foram desenvolvidos tão rudemente e os reservamos para a série. Então, estamos mantendo eles como um grupo”.
Em Kirby: Genesis veremos, portanto, ideias e personagens que foram rascunhados pelo desenhista mas que nunca foram vendidos para qualquer editora ou nunca foi feito qualquer coisa com eles, como por exemplo Calpurnia, um personagem que ele havia criado para a peça de teatro “Júlio César” que estava sendo produzida por um colégio local. “Isto é um personagem! Eu não sei onde ele ia usá-lo, mas o uniforme é tão forte que nós podemos tirar um personagem disto”, revelou Busiek.
Como se já não fosse difícil o suficiente usar vários personagens de Kirby de maneira totalmente inédita a dupla ainda precisou pensar em como colocar todos em uma mesma histórias de maneira coesa e crível. Segundo Busiek está sendo feito um esforço para criar uma cosmologia que seja plausível e capaz de sustentar a si mesma.
Haverá um arco principal que irá ligar todas estas criações a um ponto central, como explica Alex Ross: ” As coisas vão explodir a partir de lá e começarem a se revelar na série”, disse, e provavelmente este arco estará ligado a deuses, tema tão bem explorado e desenvolvido por Kirby. “Ele trabalhou com deuses em várias empresas, incluindo a Marvel e a DC. Então há uma continuidade deste pensamento que tanto o empolgou”. No entanto, a intenção da dupla é, ainda assim, apresentar algo nesta seara que o próprio Kirby não tenha explorado.
Além disso a trama terá um personagem principal que centralizará toda a história e que assim como em Marvels será uma pessoa comum que testemunhará grandes acontecimentos ao seu redor. “Mas enquanto alguém como Phil Sheldon é uma testemunha do início de algo que todo mundo conhece a forma final, este cara começa a ver as coisas acontecendo no mundo ao mesmo tempo que os leitores”, disse Busiek.
Recentemente escrevi sobre Jack Kirby para a revista Mundo dos Super-Heróis e foi naquele momento que entrei de fato em contato com seu trabalho. Nas primeiras leituras continuava com a mesma impressão que sempre tive dele, ou seja, nada demais. Porém, conforme as edições foram se concatenando umas às outras em seu trabalho com o Quarto Mundo e fui percebendo a riqueza que transbordava de suas criações compreendi porque ele é considerado o rei dos quadrinhos.
Hoje, após ter lido muitas de suas histórias confesso sem medo que o acho um dos maiores quadrinistas de todos as gerações, senão o maior, e ver agora que criações fresquinhas deste gênio estão sendo resgatadas e exploradas pela dupla responsável por Marvels e também autores de séries ímpares em trabalhos solo como Astro City e Justiça é uma notícia que me enche de entusiasmo. Afinal, estamos vendo o nascimento – ou a gênese, se preferir – de todo um novo universo: o Kirbyverso.

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