sexta-feira, 21 de junho de 2013

Depoimento de uma manifestante - Anna An



Bom dia, galera!
Primeiramente, quero fazer um apelo a todos para evitarem noticiários de tv sobre as manifestações. Existem inúmeros vídeos na internet que podem ser muito mais esclarecedores. E estes não são editados a favor do governo. Ah! Por favor, leiam tudo isso (sei que ta gigante) até o final. Também quero agradecer aos amigos que estiveram ontem acompanhando a manifestação, e me enviando notícias o tempo todo para que eu pudesse ficar segura. Obrigada mesmo!
Agora vamos ao O QUE EU VI DO PROTESTO!

Como da última vez, o protesto se inicia pacificamente, mesmo com o número de pessoas sendo muito superior ao de segunda-feira (17). Cenas lindas eu pude presenciar, principalmente, no túnel da conceição, onde TODOS gritavam em uma só voz: "O povo acordou!". Foi demais. A rota nos levava novamente à av. Ipiranga. A intenção clara do manifesto era protestar a mídia corrupta que divulga o que lhe convém! Ao nos aproximarmos dos prédios da Zero Hora e da RBS, tive a impressão de estar revivendo a segunda-feira. Desta vez, de uma maneira infinitamente mais cruel. A manifestação parou ao ter a avenida bloqueada pela tropa de choque da PM. Para garantir aos policiais que apenas queríamos exercer nossa liberdade de expressão, as pessoas começaram a sentar. A polícia, até agora eu não entendi por quê, começou a atirar bombas de efeito moral nos manifestantes. E cada vez mais bombas. A única coisa que me passava pela cabeça era a tristeza de não podermos nos manifestar sem repressão e a vontade imensa de resistir e continuar o protesto! As bombas aumentaram. Uma delas caiu muito próximo a mim. E eu comecei a passar mal. Não conseguia respirar. Fui ajudada por alguns manifestantes. Acho que fui parar de tossir meia hora depois. Pra quê isso, Governador????
Seguimos pela Lima e Silva, pelo que consigo lembrar...estava bem tonta com a situação. A intenção era voltar à Prefeitura e continuar o protesto lá. Ao chegar à Duque de Caxias, a manifestação pára novamente. Estavam impedindo a passagem policiais da tropa de choque. Sentamos, levantamos, gritamos, ouvimos estouros de tiros...nada adiantou. Mesmo clamando contra a repressão, a "ditadura" continuava. Nesse momento, senti uma tristeza incomparável a qualquer outra que já tenha sentido na vida. Pessoas abandonavam o protesto por medo da polícia. E ali começava a terminar mais uma manifestação pacífica. Ali era o fim dos direitos humanos. 
Resistimos e protestamos ali durante algum tempo (talvez uma hora)...
Logo, alguns manifestantes começaram a se dirigir à Prefeitura pelo outro lado da rua. Ouvi disparos de tiros sem saber de onde eles vinham.
Fiquei por ali, pois estava esperando um amigo do qual tinha me perdido na confusão da Ipiranga. Conversei com alguns moradores dali. O apoio ao protesto era unânime.
Depois de alguns minutos, vi um grupo de pessoas com bandeiras vermelhas que continham uma sigla (não lembro exatamente o que continha) e também outras pessoas com bandeiras de cor preta e vermelha. Imediatamente, fui par ao meio da rua e comecei a pedir pra galera não se aproximar. Era lógico que seríamos massacrados pela polícia. Alguns manifestantes ficaram revoltados com a nossa postura de não deixá-los passar. Outros entenderam e nos apoiaram ficando no mesmo lugar. Alguns minutos depois, um grupo pequeno de pessoas desceu em direção à Prefeitura, pela Borges de Medeiros quebrando literalmente tudo o que eles viam pela frente. 
A polícia então, teve uma atitude elogiável. Reprimiram os vândalos sem prejudicar o restante das pessoas que estavam passando por ali. A manifestação estava continuando na frente da Prefeitura. Ficamos na Borges, Otávio e eu, durante algum tempo. Decidimos descer à Prefeitura para ficar com o restante dos manifestantes. Tiros estouravam durante o caminho. A manifestação estava em frente à tropa de choque. E a tropa, desta vez, fazia com que nos sentíssemos seguros de estar perto deles. Ficamos por ali, eu e a maioria dos manifestantes. Até que o grupo de vândalos veio em direção à Prefeitura e os policiais nos mandaram sair dali por conta das bombas de efeito moral que outros policiais atiravam para reprimir a depredação da cidade.
Saímos dali, as pessoas já dispersas, fomos embora. 

Posso concluir, de tudo isso, que estou realmente muito confusa com a atitude da polícia. Ora eles atacam pessoas inocentes, ora protegem essas mesmas pessoas. Obviamente, temos um "chefe" comandando essas ações. Mas por quê seria tão importante proteger a mídia???
O que posso dizer é que o povo não se renderá. A luta apenas começou.

#OPovoAcordou #VemPraRua #SemViolência


Anna An

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