quarta-feira, 19 de junho de 2013

Depoimento de uma manifestante.




Seguinte, galera: cansei de ver imagens manipuladas e relatos tortos sobre o q aconteceu segunda. Passando aqui para contar o que EU VI. Se foi assim mesmo ou não, não sei. Mas eu estava lá e o que vão ler em seguida é exatamente o que eu vi do protesto. 
Ah! Sou péssima em localização, posso ter errado alguns lugares e ruas. Sorry.

A manifestação sai da frente da Prefeitura de Porto Alegre às 19h (aproximadamente).
O povo (dez mil pessoas) vai às ruas gritando, pulando, empunhando seus cartazes, suas flores e enrolados em mantos nacionais.
Logo, percebemos nos prédios da capital panos brancos estendidos nas janelas, cartazes com frases de apoio, famílias e mais famílias registrando, acenando e apoiando os protestos.
Fomos em direção à av. Ipiranga. O protesto seguia sem maiores problemas. O povo clamava por educação, saúde e principalmente transporte público de qualidade. 
Chegando próximo ao prédio da Zero Hora, a manifestação pára. A polícia militar estava impedindo que continuássemos andando. O povo sentou. A polícia começou a atirar bombas de gás lacrimogêneo. Uma, duas, três,várias! As pessoas começaram a recuar. Alguns manifestantes resistiram. Em seguida, o efeito do gás atingiu boa parte dos manifestantes. Momentos de solidariedade na luta: manifestantes ajudando uns aos outros e compartilhando vinagre para amenizar os efeitos do gás.
Mudança de rota: seguimos para a av. Gen. Lima e Silva. O protesto continuava pacífico. Senhoras davam água aos manifestantes das janelas de suas casas. Após percorrer toda a Lima e Silva, a intenção era voltar ao centro da cidade, à Prefeitura (pelo q entendi). Ao chegar à av. João Pessoa, um ônibus havia sido quebrado por alguns manifestantes. Não havia ninguém no ônibus. A polícia estava se dirigindo pra lá. Uma loja da Honda também havia sido depredada.
Voltamos à Lima e Silva. Neste momento comecei a ver lixeiras queimadas por todos os lados. Fiquei assustada. Mas a luta era mais importante. Uma boa parte das pessoas ainda estava unida. Fiquei no meio do povo.
A tropa de choque se deslocou para lá. 
Seguimos o protesto. As pessoas ainda acenavam de suas casas, nos apoiando.
Chegamos a um cruzamento da João Pessoa com alguma outra rua/av. que não lembro qual era (Tem um posto de gasolina). Ouvi dizer que alguns manifestantes estavam se dirigindo à Assembleia Legislativa e que a polícia iria para lá. 
Esperamos. Quando a polícia começou a invadir a avenida, novamente atacando os manifestantes, seguimos para a Praça da Matriz. Lembro que em alguma parte desse trajeto todo, e depois do incidente com os ônibus, vi manifestantes quebrando agências do Banco do Brasil, e a agência da CEEE.
Ao chegar à Praça da Matriz, alguns manifestantes (menos de 20 pessoas, com certeza) começaram a destruir o Palácio da Justiça. Logo em seguida, chegou a tropa de choque da polícia militar com tiros, cacetetes, bombas e atropelando os manifestantes que estavam nas ruas. Vi um rapaz que simplesmente passava para fugir do tumulto ser chamado de vagabundo e apanhar do policial, sendo escurraçado de lá. Vi pessoas correndo, caindo, sendo atropeladas pela cavalaria, feridas...
Sentei próximo à gárgula no centro da praça com um amigo. E ficamos ali esperando a confusão passar. Uma menina sentou ao meu lado e pediu pra ficar ali com a gente. Logo, um policial falou: que vocês tão fazendo aí, suas vadias? Aí levantamos as mãos e respondemos que estávamos por ali quando tudo começou e que não sabíamos de nada. O policial nos mandou sair dali. Seguimos.
Fui até o camelódromo, e, sem mais nenhuma movimentação ocorrendo, fui pra casa. 

Isso é apenas o relato do que vi. Isso é tudo o que vi. Tirem suas próprias conclusões.


Anna an

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