quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Jornal Charlie Hebdo sempre foi símbolo de crítica e irreverência

Hebdo era inspiração para caricaturistas e chargistas do mundo todo.
Jornal foi criado em 1970 e em 2011 chegou a sofrer um atentado.

Renato BiazziSão Paulo
A caneta, empunhada como protesto em Paris, era a arma dos cartunistas que morreram. “Mas no Charlie Hebdo, não degolamos ninguém com uma caneta”, disse uma vez o diretor e chargista Charb em uma referência às ameaças de morte que vinham sofrendo de radicais islâmicos.
Elas começaram em 2006, depois da republicação de sátiras do profeta Maomé de uma revista dinamarquesa. Esse humor corajoso, chamado até de petulante, é a marca do Charlie Hebdo e vem de uma antiga tradição do jornalismo francês, usando irreverência para tratar de questões políticas e religiosas.
“O humor deles não é brincadeira. Eu acho que eles são muito corajosos, muito corajosos, porque eles são convictos”, afirma o cartunista Ziraldo.
O jornal foi criado em 1970 e teve o momento marcante em 2011, quando sofreu um ataque, depois da publicação da charge que mostrava Maomé como redator-chefe ameaçando os leitores.
A resposta do Charlie Hebdo veio com o desenho de um muçulmano beijando um cartunista da revista, com a manchete "O amor é mais forte que o ódio''.
“É inimaginável que eles tenham escolhido justamente um desenhista, um cartunista que fica com a sua canetinha desenhando e que tenha provocado uma reação tão monstruosamente deformada”, lamenta o cartunista Jaguar.
Os quatro cartunistas que morreram eram figuras conhecidas no mundo e influenciaram toda uma geração no Brasil. George Wolinski, de 80 anos, era o principal cartunista do jornal. Para muitos, o pai de todos os desenhistas de sátira.
Em uma foto, Wolinski aparece ao lado de Jean Cabut, o Cabu, que iria completar 77 anos. Sthephane Charbonnier, o Charb, de 43 anos, vivia sob proteção policial desde 2009 e era o diretor do jornal. Barnard Verlhac, o “Tinhus", tinha 57 anos e também morreu.
Na noite de quarta-feira (7), em uma mobilização convocada pelas redes sociais, centenas de franceses que moram em São Paulo se reuniram no vão livre do MASP, na Avenida Paulista, para demonstrar solidariedade às vítimas do atentado. O sentimento geral era de tristeza e revolta.
O atentado terrorista em Paris causou comoção internacional e repercutiu no mundo todo. Confira como reagiram Barack Obama e os representantes do Reino Unido, da Alemanha e da ONU no vídeo com a reportagem completa.

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